sábado, 13 de junho de 2009


  • "Nós índios,
  • olhamos para esse mundo
  • do homem branco
  • e verificamos que essa civilização
  • não deu certo."

  • (
    Marcos Terena ; do povo Terena, do Mato Grosso do Sul)
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domingo, 7 de junho de 2009


ÍNDIOS E ARTE








Geralmente a arte indígena manifesta-se através de cânticos, vestuários utensílios, pela pintura corporal, escarificação e perfuração da pele, através de danças entre outros, sendo estes raramente produzidos com o intuito de serem arte propriamente dito. Podemos dizer que na sociedade indígena não existe uma delimitação entre arte e atividade puramente técnica. De mesma forma encontram-se aspectos rituais na produção dos artefatos que são antes de tudo artística.

Cada povo indígena tem uma maneira própria de expressar suas obras, por isto dizemos que não existe arte indígena e sim artes indígenas. As artes indígenas diferem-se muito das demais produzidas em diferentes localidades do globo, uma vez que manuseiam pigmentos, madeiras, fibras, plumas, vegetais e outros materiais de maneira muito singular. Nos relacionamentos entre diferentes povos, inclusive com o branco os artefatos produzidos são objetos de troca, sendo até utilizados como uma alternativa de renda. Muitas tribos enfatizam a produção de cerâmica, outras esculturas em madeira, o que vale resaltar é que estes aspectos variam de uma tribo para outra.

Fabricado exclusivamente pelas mulheres da nação Karajá

A boneca Karajá é ícone da cultura do Cerrado e uma das mais singulares e conhecidas figuras da arte indígena brasileira o objeto é moldado de formas diversas: com o indivíduo sozinho, em grupo, sentado, em pé, na canoa etc... Década atrás, a boneca tinha mais valor cosmológico, o que continua, mas, com a chegada da sociedade nacional, hoje a fabricação obedece mais à demanda turística e comercial. A foto acima mostra essa passagem. A peça mais clara é mais antiga, feita de argila e bem acabada; a outra é recente, feita de barro e rústica. A exclusividade e a expressão, contudo, continuam fortes.



Arte Plumária

As vestimentas adornadas de plumas são geralmente utilizadas em ocasiões especiais como os ritos.

O uso de plumas na arte indígena se dá de dois modos, para colagem de penas no corpo e para confecção e decoração de artefatos como por exemplo as mácaras colares etc.


O towa, instrumento de percussão dos Wari´ (RO), é feito de argila revestida de caucho de seringueira.
Foto: Aparecida Vilaça, 1995.

Musica e dança

A musica e a dança estão freqüentemente associadas aos índios e a sua cultura, variando de tribo para tribo. Em muitas sociedades indígenas a importância que a musica tem na representação de ritos e mitos é muito grande. Cada tribo tem seus próprio instrumentos, havendo também os instrumentos que são utilizados em diferentes tribos no entanto de diferentes formas como é o caso do maracá ou chocalho, onde em determinadas sociedades indígenas como a dos Uaupés o uso do mesmo acontece em cerimonias religiosas, já outras tribos como a dos Timbiras é utilizado para marcar ritmo junto a um cântico por exemplo. A dança junto aos indígenas se difere da nossa por não dançarem em pares, a não ser por poucas exceções como acontece no alto Xingú. A dança pode ser realizada por um único indivíduo ou por grupos.




Adornos indígenas


Para os grupos indígenas, os adornos corporais, segundo Delvair Melatti , contribuem para a formação, proteção e embelezamento do corpo do indivíduo e como identificação étnica.






Pintura Corporal

A pintura corporal para os indios tem sentidos diversos, não somente na vaidade, ou na busca pela estética perfeita, mas pelos valores que são considerados e transmitidos através desta arte.
Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade indígena, como uma forma de indicar os grupos sociais nela existentes, embora exista tribos que utilizam a pintura corporal segundo suas preferencias.
Os materiais utilizados normalmente são tintas como o urucu que produz o vermelho, o genipapo da qual se adquire uma coloração azul marinho quase preto, o pó de carvão que é utilizado no corpo sobre uma camada de suco de pau-de-leite, e o calcáreo da qual se extrai a cor branca.




Arte em madeira


A madeira é utilizada para a fabricação de diversos trabalhos nas sociedades indígenas. Vários artefatos são produzidos como ornamentos, máscaras, banquinhos, bonecas, reprodução de animais e homens, pequenas estatuetas, canoas entre vários outros. Os karajá, por exemplo, produzem estatuetas na forma humana que nos faz lembrar de uma boneca. No alto Xingu os trabalhos em madeira são bastantes desenvolvidos. São produzidos máscaras, bancos esculpidos na forma animal, notando-se grande habilidade no trabalho, sendo sua demanda comercial muito grande advinda principalmente de turistas
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Trançado

Nos trabalhos de cestaria dos índios há uma definição bastante clara no estilo do trabalho, de forma que um estudioso da área pode através de um trabalho em trançado facilmente identificar a região ou até mesmo que tribo o produziu. As cestarias são utilizada para o transporte de víveres, armazenamento, como recipientes, utensílios, cestas, assim como objetos como esteiras.


fontes:
http://www.desvendar.com/especiais/indio/arte.asp
http://www.altiplano.com.br/071116Assunta17.html
http://www.saomiguel.pr.gov.br/noticias/imprimenews.php?id=217

segunda-feira, 1 de junho de 2009

LENDAS AMAZÔNICAS

Essa é a lenda contada
de um amuleto da sorte,
lenda de mata fechada
da Amazônia, bem ao norte.

Dizem que há muitos anos
os deuses urdiam planos
nas fontes do Nhamundá,
lago Yaci - Oaruá
lago que espelha a lua
onde ela nada e flutua
sua face prateada
naquela água encantada.

Lá se banhavam, faceiras,
Amazonas, índias belas,
jovens valentes, guerreiras,
plumas azuis e amarelas.

Mergulhavam pra buscar
das profundezas do rio
um antigo talismã,
amuleto arredondado
bem pequeno, esverdeado,
chamado muyraquitã
que doavam aos guerreiros
Guaçarís, belos e fortes,
seus vigorosos parceiros,
para aumentar suas sortes,
ajudá-los na floresta
mãe do verde e encantarias,
onde Uyara dorme a sesta
e o Curupira vigia.

Seu Menino, a Cobra-D´Água
naquele lugar nascera,
Uirapurú canta a mágoa
no (en) canto que acontecera.

Dizem, sem tirar - nem por,
que boto conquistador
em noite de lua cheia
com as virgens, faz amor,

deixando na gravidez
dessas meninas - donzelas
uma saudade sem vez
pra sempre a morar com elas.

Aline de Mello Brandão
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Shapiri: o
espírito

xamânico
yanomami






Davi Yanomami - 24/08/2005








Davi Kopenawa Yanomami, da comunidade de Watoriki (AM), é hoje um dos líderes indígenas mais reconhecidos internacionalmente. Desde os anos 1980 Davi se engajou em constantes e sucessivas lutas pela defesa do seu povo. Viajando o mundo para divulgar suas palavras, Davi Kopenawa tornou-se muitos: xamã, líder indígena, chefe de posto da Funai, articulador político com os napë pë (não-Yanomami), e, por fim, presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

"Eu sou shapiri (xamã ou espírito xamânico). Omame (o criador) deu os shapiri para nós. Nós aprendemos com os grandes shapiri.
A gente aprende a conhecer os shapiri, como ver eles e escutar eles. Só quem que conhecesse o shapiri fica olhando eles porque o shapiri é muito pequeno, é muito brilhoso como luz.
Tem muitos, muitos shapiri. Não é só um pequeno não, são muitos e muitos, milhares de shapiri que são como estrelas.
Eles são bonitos e enfeitados de penas de papagaio, pintados de urucum e outros de tinta preta. Outros tem brincos e dançam muito bonito, cantando diferente.
O branco pensa que quando nós índios fazemos xamanismo estamos cantando, mas não estamos cantando, nós estamos acompanhando a canção.
Eles cantam diferente - o canto de arara, de papagaio, de anta, de jabuti, de gavião, de todo pássaro que canta diferente.
Então os shapiri são assim. É difícil ver eles".


"Mas quem quer ser shapiri, tem que aceitar os shapiri e conhecer eles.
Tem que deixar tudo. Tem que deixar a comida. Não bebe água. Também não pode ficar perto de mulheres, nem perto de cheiro de queimado, nem barulho de crianças gritando ou jogando pau porque os shapiri só quer viver no silêncio.
Eles são outras pessoas e eles vivem de maneira diferente. Eles não são como nós. Alguns moram no céu, outros moram debaixo da terra e outros moram nas montanhas altas cheias de floresta e flores.
Outros moram dentro do rio e no mar. Outros shapiri moram nas estrelas e outros também moram na lua e outros moram no sol.
Omame escolheu eles porque são bons para trabalhar, não no trabalho de roça mas para trabalhar no xamanismo, para curar uma pessoa.
São bonitos mais difíceis de ver. Os shapiri cuidam de tudo, cuidam do mundo".


fonte:
http://www.terramistica.com.br/index.php?add=Artigos&file=article&sid=36&ch=1
entrevista com Davi Kopenawa: http://www.proyanomami.org.br/v0904/index.asp?pag=noticia&id=4418