sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


UMA ANIMAÇÃO DE RUI OLIVEIRA baseada na lenda indígena da tribo Karajá.

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   Tanto o desenho animado Amor Índio, quanto o segundo desenho da série "A Lenda do Dia e da Noite", baseado em uma lenda da tribo dos índios Karajá foram adaptados para livros e publicados pelas Editoras José Olympio e FTD respectivamente.




terça-feira, 16 de novembro de 2010

QUEBRANDO


 O 


SILÊNCIO









Quebrando o Silêncio é um documentário baseado na linha do cinema verdade, que traz depoimentos reais de sobreviventes do infanticídio



Ajude a enterrar uma criança indígena


// abril 21st, 2010 // 

Deputado paranaense usa o plenário para falar sobre filme de jornalista paranaense
A jornalista e documentarista paranaense Sandra Terena, uma das poucas jornalistas indígenas do Brasil, saiu do anonimato com o documentário “Quebrando o Silêncio”. Finalizado em 2009 com recursos próprios, o filme já conferiu à diretora dois prêmios e está despertando interesse pelo Brasil O filme, que tem apoio da entidade brasiliense Atini – Voz Pela Vida em sua produção e divulgação, retrata a vivência de algumas tribos em relação ao infanticídio indígena. Crianças que são filhos de mãe solteira, gêmeos ou deficientes físicos são sacrificadas em nome da cultura.
No dia 19 de abril, dia do índio, o deputado federal Íris Simões (PR-PR) usou a tribuna do Congresso Nacional para chamar a atenção dos deputados para a prática de matar crianças indígenas. “Fui surpreendido, neste fim de semana, por uma carta que recebi da jornalista e indígena Sandra Terena que relata a preocupação sobre um documentário que realizou e lançou em Brasília no dia 31 de março deste ano sobre o infanticídio”. Em seu discurso, Simões pediu de forma veemente uma atitude da Câmara. “. A Comissão de Direitos Humanos, nos próximos dias, vai fazer um debate sobre essa questão, mas é latente que nós temos que fazer alguma coisa”, disse Simões.
No momento em que o deputado discursava na Câmara, uma equipe de jovens indígenas de pelo menos três povos diferentes, distribuía um folder nos corredores do parlamento com a seguinte frase: “Ajude a enterrar uma criança indígena”. Junto com a entrega, eles colocavam terra nas mãos dos deputados. “Foi emocionante. Durante a manifestação muitos parlamentares manifestaram solidariedade a nossa luta e conquistamos muitos aliados”, diz Damares Alves, conselheira da ong Atini – Voz pela Vida.
A jornalista Sandra Terena, que estava em Belo Horizonte para participar de um programa ao vivo na Rede Minas de Comunicação, sobre o centenário do indigenismo no Brasil, enviou mensagens de solidariedade aos manifestantes. “Este ano comemora-se cem anos de trabalhos com os povos indígenas. Nós, índios, não queremos mais que decidam por nós, não queremos mais ser integrados, como prevê o estatuto do índio. Temos autonomia para decidir o que é melhor para nós. E, nas entrevistas do filme Quebrando o Silêncio percebi que muitos dos meus parentes não querem mais matar as nossas crianças”, diz Sandra.
O líder xinguano Kakatsa Kamaiurá também emocionou parlamentares e assessores com sua fala. “Ei autoridades, vocês falam de nós sem nos conhecer. Vocês decidem por nós sem conhecer as nossas necessidades. Vocês nunca caçaram comigo. Não sabem o que o índio precisa. Ei deputados, deixa o índio falar, deixa a liderança kamaiurá falar”, disse.
Devido à repercussão deste tema, a Unicef, em 2009, abriu um edital para pesquisadores emitirem um relatório sobre a questão do infanticídio no Brasil. Quem está à frente deste trabalho é a antropóloga Mariana de Holanda. Este trabalho é contestado por organizações indigenistas porque os indíos reivindiam ter voz ativa nessa questão e por isso a pesquisa realizada pela jornalista indígena Sandra Terena, que resultou no filme Quebrando o Silêncio, deveria ter sido levada em consideração de forma pública. Em um depoimento no portal Amazônia.org, Mariana diz que “uma criança indígena quando nasce não é uma pessoa. Ela passará por um longo processo de pessoalização, no qual as relações que for estabelecendo serão fundamentais para que adquira um nome e, assim, o status de ‘pessoa’. Portanto, os raríssimos casos de neonatos que não são inseridos na vida social da comunidade não podem ser descritos e tratados como uma morte, pois não é. Infanticídio, então, nunca”.
No artigo: A estranha teoria do homicídio sem morte, Márcia Suzuki, conselheira da Atini, revela que alguns antropólogos e missionários brasileiros estão defendendo o indefensável. “Através de trabalhos acadêmicos revestidos em roupagem de tolerância cultural, eles estão tentando disseminar uma teoria no mínimo racista”. A teoria de que para certas sociedades humanas certas crianças não precisariam ser enxergadas como seres humanos.
Nestas sociedades, matar essas crianças não envolveria morte, apenas interdição de um processo de construção de um ser humano. Mesmo que essa criança já tenha dois, cinco ou dez anos de idade. “Somos contra esse posicionamento. A partir do momento em que as mulheres e lideranças indígenas se manifestaram a favor da vida é obrigação do governo e sociedade prover meios para que essas crianças possam sobreviver. Para que isso possa se tornar realidade é preciso que o governo pense políticas públicas para atender essa questão. Sandra concorda. Para ela, essas políticas devem vir das bases, das lideranças tradicionais das aldeias.” Sou a favor de uma ampla consulta pública nas cinco regiões do Brasil e de preferência nas aldeias. Chega de decidirem por nós. Este é um momento que o protagonismo deve ser indígena.”, afirma.

Fonte: http://quebrandoosilencio.blog.br/

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010



Felicidade e Natureza

Foi ali, no coração verde
Mãe-terra gerou sementes
Felizes sementes, vida

Foi por ti, Filho, Criação
Mãe-terra forjou amizades
Felizes amizades, pureza

Foi aqui, no coração humano
Mãe-terra gestou vertentes
Felizes vertentes, sorrisos

Foi por Ti, Pai, Irmão
Mãe-terra festejou melodias
Felizes melodias, gorjeios

Anorkinda

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sexta-feira, 23 de abril de 2010


FLORESTAS

Na trilha desta floresta
trouxe o curumim
porção da terra

No verde desta terra
pousa o pássaro
ser meio-céu

No seio das florestas
pulsa o chão
coração da terra

Na família desta terra
trouxe o indigena
ser meio-mato

Com a bênção da floresta
deixo meu poema
oração da terra

Anorkinda

domingo, 11 de abril de 2010

Nas Rotas dos Pajés: os Andarilhos da Luz

Reescrevendo a história de Brasília no caminho do reconhecimento da presença histórica das etnias indígenas no seu espaço (antes, durante e depois da construção de Brasília), valorizando a diversidade cultural que faz de fato Brasília a capital de todos os brasileiros.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

O Santuário dos Pajés é um importante ponto de memória e da história indígena do Planalto Central brasileiro e de Brasília, além de ser considerado não apenas pela comunidade do Santuário dos Pajés, mas por índios de outras etnias como ponto sagrado e cósmico de grande força espiritual.

O Planalto Central de Brasília está situado na área ancestral tapuya (índios do tronco lingüístico Macro-Gê) e área histórica das rotas de fuga indígenas de acordo com as histórias de nossos anciãos.

Hoje, o Santuário dos Pajés além da abrigar a tradição, os costumes e a cultura da comunidade tapuya se tornou um ponto de referência cultural de várias etnias indígenas através do intercambio cultural entre os conhecimentos tradicionais indígenas.

PROJETO “Nas Rotas dos Pajés: os Andarilhos da Luz”

Desde o início da década de 90, grupos de estudantes, crianças, pesquisadores de Brasília, das cidades Satélites do Distrito Federal e de várias partes do Brasil visitam a Terra Indígena do Santuário dos Pajés interessados em conhecer a tradição cultural indígena que se desenvolveu em função da peregrinação ao centro espiritual e ao meio ambiente onde este se desenvolve.
Hoje a visitação está renovada pelo projeto “Nas rotas dos Pajés” da Associação Cultural Povos Indígenas (ACPI) do Santuário Sagrado dos Pajés que promove a educação intercultural entre sociedades de saberes diversos e o ensino dos saberes ancestrais indígenas, uma oportunidade única para as crianças e os jovens viajarem ao vivo e a cores pelas rotas ainda vivas e resistentes da tradição indígena do nosso querido Planalto Central Tapuya bem no coração do Plano Piloto de Brasília.
O projeto "Nas rotas dos Pajés" está voltado especialmente às instituições de ensino conforme a Lei 11.465 de 10 de março de 2008 que prevê a inclusão obrigatória no currículo oficial o estudo da História e da Cultura Indígenas, visa através de uma visitação orientada e planejada no interior da própria Terra Indígena Santuário dos Pajés, num ambiente de intercambio cultural que propicia uma vivência única de tolerância humanista entre as culturas e etnias que compõem o Brasil, o respeito às diferenças e a valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental dos povos indígenas do Brasil, fornecendo algumas das ferramentas necessárias para uma maior compreensão da organização sócio-cultural indígena, de suas formas tradicionais de manejo dos recursos naturais, da história indígena regional e, sobretudo, da importância de se reconhecer que a preservação do meio ambiente natural é conseqüência da cultura e cosmovisão indígenas, resultado de um modo de ser e de um modo de vida com profundos valores éticos, espirituais e morais.

Visitações de segunda à sábado (manhã e tarde)
Mais Informações:
www.santuariodospajes.blogspot.com

fonte:
http://www.sitecurupira.com.br/indios.htm

sexta-feira, 5 de março de 2010



URUTAU - MÃE-DA-LUA AVE-FANTASMA


O urutau, jurutau ou urutago, também chamado dono-da-noite e, em Pernambuco, mãe-da-lua, pai-da-lua e pai-de-mata é uma ave cinzenta, da ordem dos estrigiformes (família Nyctibiidae), com boca grande e hábitos noturnos que o fazem misterioso e aterrador. O nome é aplicado a várias espécies do gênero Nyctibius.

Segundo o dicionário Houaiss, seu nome deriva do tupi uruta'gwi "ave da família dos nictibiídeos". Segundo Fernando Costa Straube, seu nome seria uma corruptela do guarani guyra (ave) e táu (fantasma)

Para os guarani é a indígena Nheambiú que virou ave depois da morte do seu noivo Quimbae. Os tupinambá afirmavam que ela trazia notícia dos antepassados e não a matavam. Suas penas servem como preservativos contra a luxúria. Ao vir da puberdade, as moças indígenas assentavam-se sobre a pele retirada a um urutau. Para outras tribos o costume era varrer o chão com as penas da mãe-da-lua.

Os carajá dizem que ela foi a moça Imaeró que tomou a forma do Urutau com ciúme de sua irmã Denaque que se casara com Tainacã, a estrela Vésper, tornado velho e alquebrado, e que pedira noiva e só Denaque o aceitara. Quando Imaeró viu Tainacã moço, forte e bonito, enlouqueceu de raiva e ficou sendo o urutau lúgubre.

Para os indígenas do rio Buopé (Uaupés) afluente do rio Negro no Amazonas, foi o tuxaua Duiruna que se tornou urutau por ter sua mulher Ueundá se transformando no peixe pacutinga ou pacu-branco (Myleus rhomboidalis).

Urutau não tem só um: só no Brasil são cinco espécies, todas pertencentes à família dos nictibiídeos (em latim, Nyctibiidae) e ao gênero Nyctibius, grupo que é restrito às regiões mais quentes do continente americano. São aves exclusivamente noturnas, dotadas de cabeça larga e achatada, bico e pernas pequenos e enormes olhos. As asas e cauda são consideravelmente longas e o corpo robusto e musculoso. A coloração, especial para a camuflagem, apresenta-se acinzentada a marrom, invariavelmente com pintalgos e manchas pretas, cinzentas e marrom-claras de vários tons, tamanhos e formas, dispersas pelo corpo, que é sempre mais escuro na região dorsal .

São aves exclusivamente insetívoras, tendo especial predileção por invertebrados grandes, que compensem o gasto energético despendido para persegui-los. De comportamento calmo e observador, o urutau pode capturar grandes besouros, mariposas e outros animais, lançando-se rapidamente com vôos de assalto na direção destes, capturando-os nos troncos ou sob as folhas. Em geral prefere caçá-los em vôo, quando os apreende graças ao formato de sua boca descomunalmente grande.


Arborícolas por excelência, não descem ao solo. Pousam geralmente na ponta de troncos mortos, parecendo um prolongamento destes, mas também em posição transversal a galhos mais grossos, hábito mais reservado ao período noturno; gostam também de estipes de palmeiras mortas e mourões de cerca.

Não constroem ninho. Tudo o que fazem, no período de reprodução, é depositar um único ovo em alguma forquilha de galho grosso a grande altura ou numa cavidade natural de seu poleiro noturno, onde permanecem em atividade de choco. O ovo é esbranquiçado com pequenas manchas cinzento-violáceas e pardacentas, e mede aproximadamente 4,0 x 2,5 cm.

Demora cerca de um mês para ser devidamente incubado e dele sai um filhotinho quase todo coberto de fina e macia penugem branca, com algumas manchas mais escuras. Logo após o nascimento, o pequeno urutau precisa aprender que a magnífica camuflagem de seu corpo não basta para sua defesa. A imobilidade faz parte da arte de se ocultar. Assim, agarra-se firmemente ao poleiro, raramente se movendo e ficando, assim, parecido com um pedaço apodrecido de galho.

Com o tempo, o jovem vai adquirindo uma cor mais escura e as penas das asas e cauda acabam por se desenvolver por completo após cerca de 50 dias . Trata-se de um dos períodos mais longos entre a desova e o abandono do "ninho" dentre todas as aves da América do Sul, o que pode ser interpretado como uma comprovação da eficiência de sua capacidade de camuflagem (Sick, 1997)

Uma das adaptações mais curiosas encontradas na avifauna brasileira está no fato deles poderem enxergar tudo o que se passa nas imediações de seu poleiro, mesmo estando com os olhos fechados! Tal detalhe não é conhecido em nenhuma outra ave e torna-se ainda mais útil para sua já eficiente camuflagem se considerarmos que o bulbo saliente do olho e arrumação compacta das penas acima dele permitem a visão para cima e para trás, sem necessidade de mexer a cabeça.

Objeto do folclore e do imaginário, o urutau é lembrado também por suas características; uma delas é o formato estranho dos pés, altamente adaptados -parecendo mesmo deformados - e que servem muito bem para a fixação, enquanto permanecem agarrados nos poleiros verticais.


Um assunto interessante, lembrado sempre que se fala de urutaus, é a relação entre boca e bico, aspectos que em geral são tidos como sinônimos, mas que, para essas aves, se distinguem bastante.
essas aves, porém, ele é extremamente desproporcional ao tamanho da boca, uma vez que é muito pequeno, enquanto essa é enorme, lembrando a de um grande sapo. Numa mãe-da-lua-gigante (Nyctibius grandis), por exemplo, o bico chega a dois centímetros ou pouco mais, enquanto sua boca - aberta - pode alojar um punho cerrado de um homem chegando, portanto, a quase oito centímetros de diâmetro.


Fontes:
http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Urutau
http://blogcaicara.blogspot.com/2009/10/urutau-ave-fantasma.html
http://ricardo5150.blogspot.com/2008/02/espetacular-ave-fantasma.htm
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PARAMANA ( no Tupi: a chuva do mar *)


Dos lânguidos olhos de Uiara
a vertente clara irrompera.
A vulva da chuva se entreabrira
a benzer o útero dos rios
de ondas dáguas e claras anáguas
desenvoltas em vagas e véus.
Gotas, fontes, líquidos desvios
inundando a terra em sins e cios.
Sob a mão direita de Tupana
veio se acender o setestrelo
e à chuva do mar - a paramana*,
o arco-íris desfez seu novelo.
São perenes fontes, seus olhares.
Lágrimas vertidas - tantos mares.

Aline de Mello Brandão

domingo, 10 de janeiro de 2010