TAMBA-TAJÁ
Possuindo uma heráldica, uma tradição cativante que o recomenda às preferências domésticas, já pelo talho ornamental, já pelos irresistíveis dotes talismânicos, o tajá é visto em profusão nas casas de família de Belém e Manaus e espalha-se pelas habitações de todo o interior, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança local.
O tajá "curado" ou trabalhado nos segredos e mistérios da bruxaria, constitui-se num inestimável auxiliar e protetor de seus possuidor, podendo ser usado para felicidade, amor, sorte ou caça e até prender o ser amado.
Nunes Pereira escreve:
"As virtudes dos tajás dos macuxis são incontáveis como seus tipos. Há tajás para defender a casa e a roça indígena; tajás para fazê-lo bom caçador e bom pescador; tajás para torná-lo invisível aos inimigos e mesmo aos astutos do cruel Kemé; Tajás contra fadiga; tajás para vencer todas as provas; tajás que o faz querido das mulheres."
Osvaldo Orico, já lhe confere outros predicados:
"A mais bela versão é emprestada ao tajá-sol. Possui este, no centro da folha, uma grande mancha vermelha com formato de coração, cercado pela moldura verde. Quando os índios estavam longe da amada e sentiam necessidade de vê-la, recorriam a um processo mais veloz que o aeroplano e menos dispendioso que a televisão. Gritam o nome da pessoa desejada no centro do tajá do sol. E logo, a imagem do ente querido aparecia na parte rubra da folha, como um espelho incendiado pelo poder da ausência."
Há milhares anos atrás, na tribo Macuxi, havia um guerreiro forte e corajoso que se apaixonou por uma linda jovem de sua aldeia. Ela lhe correspondeu tão nobre sentimento e passadas algumas luas, uniram-se em matrimônio.
Casal tão apaixonado nunca mais existiu. Passavam sussurrando juras de amor baixinho, um para o outro. Mas eis que um dia, um estranho mal se acometeu da indiazinha, tornando-a paralítica. O índio Macuxi, para não separar-se de sua amada, teceu uma tipóia e a carregava em suas costas. Mas apesar de tantos cuidados e carinhos, ela não resistiu à enfermidade e morreu.
O guerreiro foi então à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé, enterando-se junto com sua adorada esposa, pois sua vida não tinha mais sentido sem ela.
Ao cair de algumas e chegando a grávida Lua Cheia, da sepultura brotou uma delicada planta, uma espécie desconhecida para os mais entendidos índios Macuxis.
Texto pesquisado e desenvolvido por ROSANE VOLPATTO Bibliografia: Amazônia - Gastão de Bettencout ,Moronguêtá - Nunes Pereira
Adorei!
ResponderExcluir