segunda-feira, 13 de julho de 2009




Espécies ultrapassam 200 no Coluene, alerta pesquisador


O rio Coluene, na bacia do Xingu, tem um universo 10 vezes maior de espécies que os peixes conhecidos há bem pouco tempo. Um dos principais pesquisadores da área no Estado, Flávio Lima, eleva em mais de 200 o número de espécies conhecidas no rio desde 2006, quando contava-se cerca de 20 tipos diferentes. O trabalho, que tem o objetivo de conservar essa diversidade, é um dos destaques no XVIII Encontro Brasileiro de Ictiologia, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

O levantamento de inventários realizado pelo pesquisador, além de base para futuros estudos, é essencial para se avaliar possíveis impactos na fauna aquática de construções como as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s), empreendimentos estratégicos para a política energética do Estado e do país.

No Brasil, existem mais de mil espécies de peixes catalogadas, e duas novas são registradas a cada semana. No rio Culuene, segundo Lima, a pesquisa colheu 30 mil exemplares de peixes e revelou que ainda falta catalogar até seis espécies novas neste que é o principal contribuinte da bacia do Alto Xingu – e sagrado para as etnias indígenas do local. No rio, distante a cerca de 50 quilômetros de aldeias xavantes, está instalada a PCH Paranatinga II, de aproximadamente 29 mil quilowatts, entre os municípios de Paranatinga e Campinápolis.

Os levantamentos de inventários ictiológicos são essenciais para a preservação da biodiversidade antes da construção de empreendimentos como as barragens hidrelétricas. Por mais que eles sejam projetados de modo a evitar grandes danos, sempre oneram o meio ambiente, segundo Lima. ”As hidrelétricas significam perdas inevitáveis de diversidade. Construí-las funciona como desmatar uma floresta. As espécies que ficam são apenas uma fração das que foram dizimadas”.

Em Mato Grosso, a polêmica em torno dos prejuízos ambientais foi levantada no ano passado, quando cerca de cem índios da etnia Enawenê Nawê saquearam e incendiaram a PCH Telegráfica, uma das cinco obras de hidrelétricas em andamento ao longo do rio Juruena. Os índios alegavam que a construção das usinas - licenciadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) – comprometeria a biodiversidade do rio, de onde tiravam parte significativa de sua alimentação.

“As hidrelétricas em série comprometem totalmente a fauna aquática. Mas as pessoas não encaram os rios como ecossistemas e os empresários os enxergam como recursos a serem aproveitados. A legislação ambiental é um verniz”, lança Flávio Lima.

Para o doutor Francisco de Arruda Machado, do departamento de botânica e ecologia da UFMT, as obras de PCH’s separam orçamentos pífios para estudos prévios de impacto em Mato Grosso, Estado que detém importantes cabeceiras das bacias Platina e Amazônica Meridional.

Renê Dióz

Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=337915

...........

Nenhum comentário:

Postar um comentário