segunda-feira, 13 de julho de 2009

04/03/2008

Estudos de impacto de hidrelétrica no Xingu são suspensos e índios voltam a exigir fim de usinas




Representantes Ikpeng reúnem-se com governo federal para discutir Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na região das cabeceiras do Xingu depois de liberar 14 reféns. Lideranças xinguanas vão consultar comunidades sobre continuidade dos estudos da PCH Paranatinga II

Mais de 80 índios do Parque Indígena do Xingu, incluindo cerca de 70 guerreiros Ikpeng, conseguiram do governo a suspensão temporária dos estudos complementares sobre os impactos ambientais da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Paranatinga II. A reivindicação foi atendida depois de uma reunião na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, entre quinta e sexta-feira, com representantes de vários órgãos do governo federal. A usina começou a funcionar para testes há algumas semanas no Rio Culuene, um dos principais formadores do Xingu, entre os municípios de Campinápolis e Paranatinga (MT), ao sul do parque.

A realização do encontro foi uma exigência dos Ikpeng em troca da libertação de 14 reféns em negociação feita diretamente com o presidente da Funai, Márcio Meira. Do dia 20 ao dia 25, ficaram retidos na aldeia Moygu seis funcionários do órgão e oito consultores da Paranatinga Energia S.A., que coletavam dados sobre os efeitos para os povos indígenas da barragem, de responsabilidade da empresa. Todos foram soltos e levados para Cuiabá.

Além dos Ikpeng, participaram da audiência em Brasília representantes de outras etnias, como os Kuikuro, Kamaiurá, Waurá, Kaiabi, Kalapalo e Yawalapiti. Agora eles voltarão às suas comunidades para consultá-las sobre a continuidade dos estudos. Se forem autorizados, eles serão retomados com técnicos indicados pelos índios em acordo com a Funai. As lideranças xinguanas pretendem manifestar-se novamente só quando tiverem em mãos as conclusões das pesquisas complementares ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) da PCH feitas até agora.

................

Estudos

De acordo com a Paranatinga, os consultores estavam coletando mais dados para definir medidas de compensação às comunidades indígenas e já teriam visitado nove etnias quando foram feitos reféns. A equipe de especialistas começou a expedição pelo Culuene na primeira semana de fevereiro. Segundo as assessorias da empresa e da Funai, o grupo teria a autorização dos índios para entrar em suas terras.

O cacique Managu Ikpgeng admite que teve conhecimento do radiograma que comunicava a vinda dos pesquisadores, mas afirma que a Funai não informou que eles eram contratados pela Paranatinga e que a comunidade não teve tempo de se pronunciar a respeito. “Só ficamos sabendo que eram técnicos da empresa quando já estavam em área. Por isso ficamos irritados. Não estamos sendo informados direito sobre esses estudos e suas conclusões”. Os Ikpeng afirmam que vêm tentando negociar com o governo, mas sem sucesso, e não tiveram alternativa além de fazer os reféns para tentar impedir que mais usinas sejam construídas na região. Managu confirma que seu povo não recebeu os relatórios dos estudos complementares da PCH e que vai seguir lutando contra o seu funcionamento e a instalação de novas usinas no Xingu.

.........

Matéria completa: http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2618

Nenhum comentário:

Postar um comentário