domingo, 22 de março de 2009





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Nova Teoria da pré-história amazônica valoriza culturas ancestrais


A hipótese da nova teoria


Essa nova visão arqueológica adota o conceito de “gênese” das sociedades humana, definindo-o como um acontecimento de longa duração, no qual a experiência prática e sensível gera diferentes culturas que evoluem dentro de seus próprios parâmetros.

Assim, as transformações materiais, culturais e políticas das primeiras sociedades amazônicas, antes da conquista européia, só podem ter sido o resultado da reconstrução incessante de suas experiências precedentes. A evolução, nesta teoria, é explicada pelos estágios anteriores da organização social nativa.
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A particularidade do desenvolvimento dessas sociedades é o que essa teoria chama de “gênese”, um acontecimento de longa duração, que se contrapõe à hipótese de datas ou períodos fixos, “iniciais”.
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Para valorizar nosso passado é que surge a idéia de gênese, que não é um processo evolucionista, retilíneo, mas constante reconstrução. Assim, a divisão tradicional da evolução da pré-história amazônica em quatro épocas - paleoíndia, arcaica, formativa e complexa – é rejeitada como inadequada, artificial, e exógena.

O paleoíndio, por exemplo, que é categoria que se adequa aos ancestrais dos indígenas norte-americanos, enquanto caçadores especializados num clima frio e seco, na era final das glaciações (circa 12 mil anos atrás), não é funcional ao se abordar a proto-colonização das florestas quentes e úmidas pelas populações de características mongólicas, ancestrais de nossos índios.
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Na floresta se teriam criado, ao longo de um extenso período, práticas e costumes englobados pela nova teoria na definição de Cultura Tropical, em que, já superada a fase de mera satisfação das necessidades, as sociedades amazônicas teriam obtido um sucesso notável na adaptação humana à floresta úmida.

O homem teria passado a co-evoluir com essa floresta. Da reconstrução da Cultura Tropical teria surgido, então, a gênese da Cultura Neotropical em que as sociedades, já conhecedoras dos recursos e limites do ambiente, teriam florescido em interações geopolíticas, sociais e étnicas que se destacam pela originalidade, inventividade e êxito, e cuja evolução só seria detida pela ruptura da conquista européia.

Importância da nova teoria

As sociedades amazônicas pré-históricas, com muitos milhares de anos de sucesso em sua integração eco-social na floresta, deixaram inúmeros vestígios materiais. Entretanto, a sociedade brasileira atual, ainda não consegue valorizar suas soluções, e tal como desvaloriza os descendentes atuais daquelas sociedades – os indígenas – despreza suas relíquias.

Isso porque ainda vê esses descendentes e esses vestígios como parte de um passado morto, e não como integrantes da futura Civilização Brasileira, ora em gestação, que pode se valer da originalidade das soluções sociais e geopolíticas já testadas na floresta tropical. Daí o peso de uma visão que re-valoriza o passado como ferramenta de construção do presente.

Para isso a teoria defende a necessidade não apenas da preservação rigorosa dos vestígios arqueológicos, como de projetos sérios de divulgação científica, de alterações no Ensino Fundamental que levem estes saberes aos alunos do ensino médio e fundamental e que os tornem básicos nos Cursos Superiores de Ciências Humanas, e a regulamentação da profissão de arqueólogo.

Texto de divulgação científica publicado em 01 de dezembro de 2002.

Pesquisador(es) Responsável(eis)
Marcos Pereira Magalhães
Matéria completa:http://www.canalciencia.ibict.br/pesquisas/pesquisa.php?ref_pesquisa=6

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